terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Porque me és inútil
Porque me és inútil
Te quero
Em cama de vingança
Ou terra de ninguém
Te quero
Porque me és vingança
Porque me és ninguém
Te quero
Porque me és inútil
Te quero
intranquilo
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Orfeu Rebelde
Como de poesia se trata, aqui vos deixo o convite para fazerem download gratuito e/ou comprar um exemplar do disco em exclusivo nas lojas FNAC.
É um trabalho de poesia e música, composto pelo Pedro Paixão (Moonspell) e interpretado pelo mesmo (instrumentos), e comigo e Rui Sidónio (Bizarra Locomotiva) nas vozes. O conceito foi idealizado por mim, a partir do livro de poemas de Miguel Torga: Orfeu Rebelde.
Alguns dos textos informativos e poéticos:
Este trabalho brota de diversas nascentes que, em boa hora, se reuniram dando origem a este turbilhão de palavra, voz e som que o colectivo O.R. vos apresenta. A primeira palavra vai para o poema de Miguel Torga que me fascina e provoca desde a tenra maturidade. Todo o poema é um desafio feito através da voz, do canto, do clamor, da angústia assumida. Para me ajudar a vocalizar esta revolta e conquista convidei o (Rui) Sidónio dos Bizarra Locomotiva que já me acompanhou noutros cantares de terror e beleza. As suas qualidades narrativas são preciosas, são poesia dita pelo músculo e muito lhe agradeço a honra de seu grito neste projecto.
Por fim, dirigi-me à pessoa, que na sombra ou fora dela, mais tem feito pela minha banda de sempre, pela minha única banda, os Moonspell, e que, mais uma vez, não renegou a prometaica tarefa de musicar, com classe e escuridão, as palavras do Torga, reunidas por mim e divididas por ele, entregues à nossa voz e às suas guitarras e ambientes. Profundo e eterno agradecimento.
Cada som como um grito é um trabalho diferente. Dizemos o Português gritando, o Português de Torga, duro mas belo, cerimonial mas envolvente.
I - LETREIRO
Porque não sei mentir,
Não vos engano:
Nasci subversivo.
A começar por mim - meu principal motivo
De insatifação -,
Diante de qualquer adoração,Ajuizo.
Não me sei conformar
E saio, antes de entrar,
De cada paraíso.
II - PRELUDIO
Reteso as cordas desta velha lira
Tonta viola que de mão em mão
Se afina e desafina.
E de onde ninguém tira
Senão acordes de inquietação
Chegou a minha vez e não hesito
Quero ao menos falhar em tom agudo
Cada som como um grito
Que no seu desespero diga tudo
E arrepelo a cítara divina
Agora ou nunca meu refrão antigo
O destino destina mas o resto é comigo
III - RELÂMPAGO
Rasguei-me como um raio rasga o céu
Iluminei-me todo de repente
Negrura permanente
De noite enfeitiçada
Queis ver-me com pupilas de vidente
E arrombei os portões à madrugada
Mas nada vi
Caverna de pavores
Só com tempo e vagar eu poderia encarar
Castigar e perdoar
Tanta abominação que em mim havia
IV - ORFEU REBELDE
Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade no meu sofrimento.
Outros, felizes, sejam rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que ha' gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.
Canto como quem usa
Os versos em legitima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.
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download gratuito em:
http://www.optimusdiscos.com/discos/cada-som-como-um-grito
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Ninguem na terra - Quasi edições
Entrarei em contacto com a gestora judicial para tentar minimizar o prejuízo e tentar desbloquear os meus direitos, o stock dos meus livros e eventualmente procurar outra alternativa de edição. Apesar de lamentar toda esta situação, o que mais é de assinalar, pela negativa, é o facto de pessoas que querem comprar, ler ou possuir a minha pequena bibliografia não poderem exercer esse direito, pelo facto de os livros terem desaparecido das lojas e serem também parte do arresto judicial da insolvência.
Darei o meu melhor nesse sentido e aqui neste blog vos darei conta do resultado. Entretanto continuarei a publicar aqui alguns poemas originais ou retirados de outras edições, conforme ao espírito do dia da semana em que actualizo o cofre; ou poemas de outras pessoas que me pareçam interessantes para retirar do cofre alheio.
Bom 2010 a todos!
Terra de ninguém
Caminho para o qual
me empurrei
Encruzilhada para onde voltei
Por me faltar ar
e chão
Sem terra
Em terra de ninguém
Sem algo mais que um porém
Para te oferecer
Para te prestar culto
Para te explicar
Tudo o que fiz
Já
Sem musa
ou terror
Na alma
Sem beleza
naufragada
Nem cidade para onde voltar
A vida
destroços apenas
Da arca que em boa hora
Teimámos não embarcar.