sábado, 17 de novembro de 2007

Vultos apresentados

Regressado de uma noite fria mas pleno da oferta de genuíno calor humano de quem compareceu ontem na Biblioteca Bento Jesus Caraça, à Moita, Sul do Tejo, sinto que é hora de este blogue voltar à vida.

O Diálogo de Vultos conta agora com cinco apresentações: primeiro visitei as Fnacs, respectivamente Chiado/Lisboa, Guia/Algarve, Sta.Catarina/Porto e Coimbra. Depois foi a vez de Aveiro, juntamente com o José Luis (Peixoto) no Mercado Negro/festa da Elegy. Ontem, a Moita.

Todas as apresentações foram diferentes. No entanto, todas foram tocadas pela emoção, via única que se tomou para falar deste livro com a dignidade de sentimento que ele exige e merece. Para quem não esteve, documento aqui as emoções passíveis dessa cristalização. As outras ainda flutuam por aí, no ar espesso à minha volta, na subida e descida interior do meu sangue e de tudo quanto ele carrega para a alma.

No Chiado, tive o privilégio de poder contar com a presença preciosa da minha amiga Bárbara (Guimarães) e do meu editor Jorge Reis-Sá. Foi uma apresentação arrancada ao meu fundo, com muito nervosismo à mistura e alguma emoção evadida das carapaças que lhe tentei impôr, por protecção, por vontade em me fazer entender, por pura comoção. Também foi a apresentação da verdade nua e crua de como este livro mexe comigo e dos resultados dessa inevitável poeira caindo na pele do interior e cobrindo-a por completo. Foi a primeira! Agradeço à Barbara, que convidei pelo respeito e amizade que lhe tenho, por ela gostar genuinamente daquilo que escrevo, pela admiração da sua capacidade de estar com verdade nos registos que adopta como seus e por trazer a sua experiência dos meus poemas que pesam e partilhá-la comigo e com os presentes de uma forma tão natural e descomprometida como a dor que habita os diálogos.

No Algarve a Rita (Baleiro), professora na Universidade do Algarve e familiar querida, deu-me a honra de se colocar na minha pele com um texto lindissimo, frágil e cheio de força a uma voz. Este livro é um livro que se vive, viveu ou irá viver-se. É imorredoura a sensação da dor e da luz que é amar de verdade, sanguineamente e sanguinariamente. As palavras escritas e ditas da Rita (que aqui conto apresentar em breve) souberam, como poucas, dizê-lo e saber que um livro pode originar tais sequências, deixou-me, mais uma vez, realizado. Um agradecimento à Rita por me guiar nesse reconhecimento.

No Porto, e com o multiplicar das apresentações, as emoções surgiram mais controladas mas nem por isso menos selvagens. Quanto muito mais passíveis de transmissão, dando assim ainda mais significado a estes encontros. Convidei uma pessoa que conheci por ela gostar e Moonspell e por se saber destacar com elegância e força entre os muitos que também seguem e vivem o nosso trabalho. A Fátima Inácio Gomes, professora daquelas que deveriam ser confirmadas como moldes ideais da profissão pelos legisladores, aka Aetheria percorreu a história das minhas palavras e sensações poéticas, usando da sua experiência e sensibilidade para capturar a atenção mais reconhecida do auditório. E fê-lo de tal maneira que a mim me bastava carregar play no filme dos Vultos para encerrar a hora. Por esse protagonismo sincero e muito bem-vindo fica o meu sincero obrigado.

Em Coimbra, cidade que dorme cada vez mais perante o seu papel de líder da nossa salvação cultural e artística, coube-me a solidão da apresentação que fiz perante alguns amigos do coração, alguns seguidores atentos, poucos curiosos e pessoas de ocasiões outras. Mas mesmo assim a coisa foi, deu-me motivo de conversa e de satisfação e a noite de Coimbra, pelo menos essa, mesmo que curta nas pontas do meu tempo, ainda continua vibrante mesmo na mais franciscana das esplanadas.

Em Aveiro esperava-me a mim e ao meu aliado uma casa cheia de gente e de perguntas. Ainda bem. Foi das apresentações mais participadas, em que se via muita gente que tinha vindo para partilhar mais do que se sentar a olhar para quem os olha de volta muitas vezes sem os conseguir ver como eles merecem. Um agradecimento a quem fez parte dessa dinâmica e ao Pedro, ao Paulo, à cada vez mais importante Elegy Ibérica um abraço e um agradecimento pela oportunidade de levar as nossas emoções às dos outros.

Na Moita (sim pode dizer-se assim, confirmei!) fui recebido, como disse, com a simpatia do costume apesar do meu inevitável atraso provocado pelas outras criações. Foi talvez a apresentação mais sólida, o discurso esteve fluido, a atenção pura, e os momentos sucederam-se no tempo e no sentimento certo. Quem compareceu fez perguntas bem interessante e espero ter respondido com o valor que as questões definitivamente mereciam. Tinha saudade de visitar o ambiente de biblioteca (e esta biblioteca só tem um defeito, não ser à esquina da minha rua!) e agradeço à Rosa Lia, ao staff da Biblioteca, a Exma Vereadora Vivina e a todos quanto compuseram e bem o auditório, por me terem satisfeito o desejo de conversa como ela deve ser: equalitária, solta e emotiva.

Tem sido para mim simplesmente magnifico ter tido todas estas oportunidades de apresentar o meu livro. Não temo falar sobre ele. Se assim fosse não o teria comunicado pela publicação. Tenho encontrado um grande respeito e gosto por estes diálogos em toda a parte e pretendo apresentá-lo mais vezes assim o tempo mo permita e utilizarei este blogue para vos dar conta desses eventos.

Tenho lido sempre o primeiro poema que escrevi e contado a história do mesmo (que envolve uma professora de Psicologia do 11º ano e a batalha pelas médias). Num dos próximos posts irei publicá-lo aqui para vossa consulta, pedindo-vos que se relembrem da idade da peça (17 anos).

Tem sido passado um filme criado pela Dora Carvalhas com leituras minhas, banda sonora de Euthymia sobre fotos de Ricardo Bernardo e Patrícia A. Também conto em breve colocar aqui um link para seu visionamento.

Finalizando agradecendo à Patrícia A., à Bárbara, à Rita, à Fátima, à Dora, ao Luis L., ao Ricardo Bernardo, às Quasi nas pessoas da Ângela e do Jorge, e a todos os locais e promotores acima citados bem como a toda a gente que apareceu nas apresentações, por tudo o quanto trouxeram e acrescentaram a estes vultos que dialogam.

Até breve para mais documentos da sombra.

8 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

E o meu "sincero obrigado" por me teres honrado com o teu convite.
Agradeço, ainda,a tua indulgência por alguns excessos meus... sou um ser dado a entusiamos, especialmente quando possuida pela palavra escrita...

Anônimo disse...

Já te agradeci, mas quero deixar também aqui um obrigado por dar o meu contributo na apresentação deste livro. Assim que o abri, também fui apanhada desprevenida. Mostrei logo as primeiras páginas ao senhor que fez os sons e, afinal, acabámos por fazer o trabalho juntos.
Gostei de muitas coisas neste livro. Hoje escolhi este pedaço:

Dizem que os sonhos somos nós a espreitar o futuro. Não sei se é assim. Só sei que nada parece ter mudado dentro do meu coração quando na noite do meu sono é dia e entras dentro dele.

wendell penedo disse...

Eu confesso que acabei acompanhando um pouco tarde a carreira do Moonspell, e consequentemente o fato de que você escrevia fora da banda, mas admito que adorei teu texto e entendo que nem tudo pode ser dito através da música. Boa sorte e espero que mantenha esse blog atualizado, pois ganhaste mais um leitor!

MIG-L disse...

Grande Fernando...

Devo dizer que vos acompanho desde o início e é com bastante orgulho que deixei que a música dos Moonspell, bem como a fantástica poesia dos teus livros, me fizesse crescer de algum modo e conseguisse influenciar a minha vida de um modo bastante positivo. Mais do que simples acordes, melodias ou singelas palavras, está a vossa forma de estar e de deixar transparecer para cada um de nós, toda a vossa personalidade e existência. Um bem-haja a todos.

krigsmjod.blogspot.com

Anônimo disse...

i have no idea about what you really mean because i can't understand your language, but ...as you said .....vampiria ....you're my destiny.....i also say.......Romania love Moonspell.

Alma lunar disse...

Hum...só agora encontro este teu cofre aberto. Ao que aparece já fora do momento.
Só agora te descobri enquanto poeta.
só agora...

Tiago Filipe Gonçalves disse...

Antes de mais, quero agradecer-te pelo grande espetáculo que deste no Rock in Rio... foi muito bom.

Sou um apreciador da música dos Moonspell, mas nunca ouvi muito, mas pelo que ouvi adoro.
Tenho uma dúvida acerca de uma música vossa, na música Alma Mater, tens lá:

Virando costas ao mundo
Orgulhosamente sòs
Glória antiga, volta a nós!

não percebo bem esta parte, essa frase é tipica de alguém fascista que quer apenas Portugal (não interpretes mal isto, a sério que gostava muito de ficar esclarecido)... e ficava também grato se me pudesses esclarecer...

Obrigado por todos os espetaculos !! Metal Sempre

Anônimo disse...

Bem, antes de mais, congratulo-o a si e também aos Moonspell por representarem a força dos sonhos e a coragem em tentar concretiza-los. Parabéns!
Quanto às suas obras, infelizmente ainda não posso libertar por palavras as emoções q me surgiram ao lê-las, pq infelizmente ainda não tive oportunidade de as adquirir. Falo apenas quanto ao que já li, pequenos excertos, e também em relação a todas as palavras q já tive a oportunidade de ler suas: é notavel a forma como consegue tocar na alma de cada um, sabe exactamente como despertar os sentimentos q melhor nos caracterizam e fazê-los fruir. Adora poder assistir à apresentação do livro, mas infelizmente o Alentejo ainda se encontra um pouco esquecido no que diz respeito a esse tipo de eventos. Resta-me aguardar que Évora entre finalmente nesses roteiros.
Mais uma vez as minhas sinceras felicitações por esse dom da escrita q possui e pela garra e motivação com as quais perseguem o sonho.