quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Já amanhã na FLUL



Fernando Ribeiro dos Moonspell dá Lição na Reitoria da Universidade de Lisboa

Amanhã, Fernando Ribeiro dá uma Lição, às 18 horas, na Sala de Conferências da Reitoria da Universidade de Lisboa, subordinada ao tema, Filosofia e Rock - como viver no mundo da poesia eléctrica.

O ciclo Cem Lições, inserido nas Comemorações dos 100 Anos da Universidade de Lisboa, está a decorrer desde 24 de Janeiro a 12 de Maio, de segunda a sexta, às 18h. na Sala de Conferências da Reitoria da Universidade de Lisboa. Isabel Alçada, António Costa, António Lobo Antunes, Francisco Pinto Balsemão, António-Pedro Vasconcelos, Elisabete Jacinto, José Mário Branco, Lídia Jorge, Manuel João Vieira, Maria João Seixas, Maria José Morgado, Teresa Patrício Gouveia são alguns dos antigos alunos que regressam às cadeiras da Universidade de Lisboa, para darem 100 Lições.


Conto convosco. Um abraço.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A vista do meu quarto

A Terra conseguiu a atenção das chuvas

O chão molhado, a silvar esta ausência de ti

Numa estação próxima, alguém corre para apanhar o tempo

Tonitruante, a utilização das linhas que te levarão

A saber colheres o insulto e fazer dele algo que possas

E devas usar

Bloqueado pela madeira da porta

Alguém abre lá fora a paisagem

De um cenário doméstico

Há um cheiro a calor

Há sangue no chão

Há um principal suspeito

De faca na mão

As chuvas acabaram por violar o teu voto de confiança

À estação ninguém chegou

Todos partiram em silêncio

A tua sombra tornou-se maior

É o Sol que nasce

Ignorante do crime

Ignorante do fim

Queimando a pele

Dizendo que sim


PS:

Dia 24 de Fevereiro estarei na Reitoria da Faculdade de Letras no âmbito da iniciativa 100 Lições a partir das 18.00. Darei informação mais detalhada do tema aqui e no facebook em breve. A entrada é livre.

Dia 25 de Fevereiro estarei no Cabaret Seixal (http://www.myspace.com/cabaretseixal/blog/541976887) e irei ler poemas do meu próximo livro de poesia Purgatorial bem como excertos de um dos contos/mitos urbanos que estou a escrever para a Gailivro e que se chama Exercício de Cidadania (sobre um serial killer que mata politicos). Mais informação no meu facebook. O bilhete custa 4€.

Gostava muito que aparecessem. Bom fim de semana!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

escolha uma opção

ao contrário dos outros,
a fragilidade.

nas ruas corro atrás da vida
o meu tempo medido pelas coisas
que consigo fazer
no regresso lamento
o que ficou por fazer

os lábios tocam o vidro
parece a pele de alguém
que acabou de acordar
quente de um sonho

talvez alguém numa outra rua da Terra
repita os meus passos
num caminhar lento que respira suave
sobre um chão de folhas caídas
no passeio
de volta a casa, alegre talvez
contando as pequenas vitórias
do dia

a cabeça toca a leveza das almofadas
sente-se a liberdade da tarde que parte
fecham-se as janelas da sala
sobre uma tranquilidade maior
que todo o tempo
























compensando o que fica por fazer
no

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Em nome de uma fome maior

Há uns meses a esta parte, deixei simplesmente de publicar aqui, porque o último poema que aqui publiquei, foi como um espelho partido da dor causado pela morte de um amigo próximo, jovem, um irmão.

Hoje aqui volto, espero ainda encontrar-vos. A vida prossegue, sem nós sabermos, em nome de uma fome maior:

Em nome de uma fome maior

Há que começar finalmente a beber

a água das chuvas

para que possamos deixar de ser

aqueles que apenas

antecipam a sede

há que começar a viver

para deixarmos de ser

aqueles que apenas observam e apontam em cadernos tristes

tudo e todos quantos chegaram ao fim

há que fazer de cada palavra uma jóia

há que fazer de cada palavra uma fortaleza

de cada detalhe um mundo de minúcia brilhante

de cada som toda uma linguagem

de labirintos transparentes onde possamos encontrar

os nossos e confundir os outros


aproveitemos o facto de respirarmos ainda

para responder às ofensas

de quem nos quer mal

nunca perdoando

deixemos o perdão, este perdão para as ficções

dos inuteis

patrulhemos com a verdade dos nossos exércitos e armas brancas

as terras que nos dão chão e ar

que nos matam a fome, a sede e a expectativa

que nos fazem ser alguém mais do que aquele ninguém


tudo o que fazemos

o estranho, o discutível, o polemico, o invisivel

é feito em nome de uma fome maior

tudo o que somos

devorado por esse apetite da alma

quem entende será acolhido à nossa mesa

quem nos despreza receberá a chicotada

de ter de viver com o nosso sorriso

nunca sabendo quando é ele

verdadeiro

ou

falso.