sexta-feira, 31 de julho de 2009

Nós monstros

Passemos à cave. É lá onde vivo, donde venho todas as manhãs e para onde regresso todas as noites. Aqui é a sala onde me divirto, aqui tomo banhos longos, ali, tens de ver aquilo, é o meu recanto preferido, onde medito nos meus assuntos, sempre que posso.

Um cheiro de comida entra pelas paredes, um fumo de dor de cabeça está cativo num quarto, as tuas palavras, monstro, são as mesmas de sempre. O que te vale é que estamos numa cave e não tenho ainda para onde fugir. Quando isso acontecer deixarei tudo para trás e agirei como se não te conhecesse porque afinal é verdade, quem és tu? Porque queres saber os nossos nomes? Porque é que as coisas nunca são boas o suficiente para ti? Para que me desperdiço na tua presença?

Não olharei para trás nem fugirei de ti, eu próprio sou suficiente para me amaldiçoar para sempre.





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PS:





Estarei hoje a partir das 20.30 a assinar autógrafos na Bertrand das Caldas da Rainha, numa iniciativa integrada na Feira do Livro local. Todos os meus livros estarão disponíveis. Apareçam se puderem. Será um prazer.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Amsterdão

Descendo nos vapores dos outros
Cegando com as luzes dos outros
Andando sem parar, sem olhar para trás,
Olhando sem parar, andando sem olhar.

Sentamo-nos
Sacos feitos prontos para a partida
Levantamo-nos
Sacos escondidos para a partida
Perguntas às quais não me apetece responder.
Pessoas com quem nunca me apeteceu falar.
Para quê?

Quando passarmos a fronteira à noite estarei um dia mais próximo de ti e longe de todos os outros.