Como se de um breve fogo se tratasse
Como se das chamas saísses tu ilesa
De amores falhados
Como se da chuva eu bebesse
E saciasse a sede de ti
Como se de uma rocha onde se gravou
A violência do mundo
Saltasse uma pedra como mensagem
Que se arremessa à cabeça de um gigante
Como se todo o tempo fosse essa ou outra tarde
Como se numa concha coubesse mesmo um mundo
Como se nos valessem os anos sofridos
em alfabetos de silêncio
Como se o caos se detesse por um momento
Para te ver a sair do fogo
Para te beber na chuva
E colher-te
A ti
Flor na cicatriz do granito
9 comentários:
exercício
Foram anos, foram meses
de intensa prática
de vazio a cheio
de cheio a vazio
de alívio, de tremor
de plenitude a meio de ser alcançada
na metade nunca encontrada
da maçã cortada a meio.
Raros os dias
que esqueço falar-te
de encosto a uma parede
como todos os muros grossos e insonoros.
Raros os dias
que não grito o teu nome
como quem suplica ao mais íntimo
do seu templo interior
escuta
é o silêncio.
é a voz que escolhi,
a liberdade infinita
para te dizer tudo.
A magnifica pintura de um momento, atirada para a eternidade...
Palavras para respirar as poucas belezas que ainda conseguem ser roubadas do mundo para serem ancoradas na nossa alma.
como se a tudo fosse capaz de resistir,
como deitas a esperança nela,
a flor na cicatriz do granito.
É um alívio poder ler-te numa noite em que o sono não chega.
Vou aguardar e só vou adormecer quando o canto dos pássaros anunciar a madrugada.
adoro a tua poesia. revejo-me na melancolia das palavras... obrigado por partilhares.
Um abraço
Não há comentário possivel....é tudo demasiado real e intenso...obrigado por conseguires traduzir em palavras a brutalidade com que a relaidade nos atinge
Embora talvez já esteja (ou estejas, não sei como o/te tratar)farto de ouvir sempre a mesma coisa, ou talvez não, na realidade só queria felicitá-lo por todo o seu trabalho até agora, tanto na música como na escrita. Tenho acompanhado o seu blog e posso dizer-lhe que adoro.Tiro-lhe o chapéu por tudo o que escreveu, e onde demonstra um grande talento!
Um abraço...
Divina música da alma, mais uma vez ***
Como o ópio, a flor queima...
enquanto a chuva compassada no teu rosto te faz viver, em palavras, coisas além de tuas próprias superfícies, além das cicatrizes frias deste granito negro...
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