segunda-feira, 21 de março de 2011

No dia mundial da poesia


"Um poema nunca se acaba, abandona-se"

Paul Valéry


No Dia Mundial da Poesia, relembro a todos o poema de Padrón, já aqui publicado numa outra ocasião. As boas coisas tem uma autorização superior para serem repetidas. Os contos evoluem da melhor maneira, conto acabá-los muito em breve e enviá-los para revisão. A capa do livro que conterá os dois contos será executada por João Maia Pinto. Boa semana a todos.

(http://www.facebook.com/people/João-Maio-Pinto/1462479804)

Mais que um filho

Mais que um filho, é um escravo, o poema.
É parte dos teus sonhos indomáveis,
Um farrapo da tua alma sucessiva,
Um monte de palavras que salva a tua memória
Dos momentos plenos do deserto.

Por vezes é o eco incompreendido
Da tua própria consciência ou de outro sangue
Que em ti palpita sem que tu o saibas.

(…)

O poema é um corpo abstracto, talvez um ser
Misterioso de que és o seu deus único.
Podes embelezá-lo ou deformá-lo
Com a perversidade de um tortuoso castigo
Até torná-lo céptico, canalha ou taciturno,
Perante a lucidez dura de teus olhos.

(…)

há poemas obscuros e assassinos
que nos espiam com a sua adaga levantada
há outros juvenis, tersos, apaixonados,
cuja directa luz desnuda o fogo.
Também os há ociosos, brigões, lascivos,
Curiosos ou ignorantes que perguntam
Sem que jamais possamos responder-lhes.

Um poema é, enfim, um látego desditoso
Uma alma solitária trespassada de repente
Pela densa dor que o convoca

JJ Padrón

2 comentários:

Anônimo disse...

Aguardamos ansiosamente pelo livro! :D

opistia disse...

exorcismos da alma... é assim que lhes chamo...