Célula
Trilho veia afora
Arrastando pés e peso
Pelos troços abertos
Por quem de externo direito
Atravesso incontável
As águas que outros intoxicaram
Mapeando a devassa
Configurando a pele da mente
Respiro ainda
E com o hálito reclamo território
Como quem bebe com a sede
De seu próprio sangue
No fim do caminho
Iríamos devorar-nos
Assim ficamos ambos de pé
Salvos do naufrágio
Que a primeira manhã do ano anunciou
8 comentários:
Excelente!
...
Viva Fernando!
Vim desejar-te umas boas festas, com muita música e boas leituras.
Aproveito para te deixar os meus votos de um magnífico 2010, cheio de saúde e criatividade, para ti e para a tribo lunar.
Um abraço amigo,
João Nery
P. S. Então e o novo álbum de Katatonia, hein? Simplesmente soberbo. Cá espero, para o ano, o vosso. Abraço.
a respiração primeira, de cada manhã, caminho de sangue a uma tábua de salvação. o destino é nosso.
bom ano. abraços.
Beautiful, as always.
I'm not fluent in portuguese but even if I don't understand each word at the first reading I'm immediately charmed by their "sound"...
Saudações ao novo ano. O momento agora debruça-se no eixo da charneira, isto faz-me pensar sobre o que ficou atrás e o que será daqui para frente.
Progresso, independente do modo que tenhamos escolhido para lapidar o diamante.
O Amor é a lei, como a electricidade que nos trespassa, num vórtice que anima e purifica os nossos corpos.
No novo ano brindo à vitória e à compaixão perante o vencido.
De hoje em diante sou em unidade a soma de todas as coisas. E brilho como um farol na mais obscura das noites.
Estendo esta irradiação para que tenhas igualmente um bom ano.
respira-me,
ar
Olá, Fernando
É sempre um prazer ler os teus poemas.
"E com o hálito reclamo território
Como quem bebe com a sede
De seu próprio sangue"
Muito bom mesmo :)
Beijinhos
Longa foi a espera por mais algumas gotas de alvorada... Que este amanhecer te traga de volta o longo raio de luz que deixaste escapar quando a estrela da manhã cortou os pulsos para te iluminar.
Uma vez, alguém escreveu num fórum que o maior medo dele era viver a vida apenas no estado da respiração, só para vê-la passar na frente dos seus olhos. Fuga, por favor...
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