quinta-feira, 30 de abril de 2009

Qualquer sitio serve

Acordo de dezassete horas de paz para o barulho de tijolos secos do dia.
Fecho os olhos na esperança de mais dezassete horas de ti. Mas não consigo. E saio lá para fora na atenção do que se pode atravessar no meu caminho.
Para além da igreja abandonada por espíritos e corpos que rasga a noite dos céus como um espigão assassino, para além do barracão ocupado por momentos de som esquecidos nos ouvidos, para além de tentar e da desilusão do miúdo que agora tem músculos e voz de homem; nada é o que parece mas o mais absoluto silêncio é perfeito na silhueta fechada de todas estas coisas.
Hoje passei o dia de olhos fechados a ver-te.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Rock sem poetas

Num blog de poesia que escapa para as letras nunca foi minha intenção criar polémica ou sequer ventilar um arzinho que seja que nos lembre esse vento malfazejo que sopra na maioria dos blogs e que quase, numa descrição do seu “adn” seria uma característica fundamentalmente apontada. O áspero guardo-o para outro blog que tenho (Spectator) e que sendo de opinião, presta-se mais a essas ventanias.

Mas não posso deixar de manifestar a minha frustração pela ausência de cinco de um total de oito pessoas na mesa redonda de Rock e Literatura que tive o prazer de participar no passado dia 7/7 pelas 18.00 na Faculdade de Letras de Lisboa. Segundo a organização todos tiveram contratempos pessoais e profissionais (o que compreendo e quero respeitar o mais que possa) sabendo, embora, que, pessoalmente, já fui a muita coisa adoentado (escrevo, carregado de cêgripes e hextrills, a partir de um Starbucks do aeroporto de Bruxelas), e que, essa semana, e esse dia em particular, vim de entrevistas com o projecto Hoje (Amália Hoje) e ensaios com os Moonspell, de onde vim directamente para a Faculdade, chegando a horas e apenas contactando com esse êxodo in loco, perto da hora do início do mesmo.

Restou uma hora de conversa, minha, e do JP Simões (e da professora/moderadora, que confesso, esqueci o nome), que espero tenha sido válida para as pessoas que lá foram, provavelmente esperando mais “quórum”. Não querendo ser, de modo algum, injusto para as pessoas que tiveram de faltar, lamento que assim tenha sido e que nós, os “das letras”, não encarem com a seriedade que devemos a nossa própria credibilidade enquanto poetas eléctricos. De realçar que nenhuma justificação ou pedido de desculpas foi comunicado, pelo menos enquanto lá estive, às pessoas na audiência.

Em jeito de fraco consolo fica o texto da minha apresentação com a menor edição possível (ponham-lhe uma nódoas em cima):

Poéticas do Rock

O respeito da normalidade

É fundamentalmente estranho estar aqui sentado na faculdade onde me angustiei no e pelo curso inacabado de filosofia, perdido nos corredores da reprografia azul; confraternizando pelo melhor spot na Biblioteca do Departamento (Matos Romão) onde eu lembrava alguém à Sra. que tomava conta, alguém das novelas; ou partilhando um chapéu de chuva com a miúda petite mas gira à brava da turma X, em andamento para os pavilhões onde reinava a aula de Epistemologia das Ciências Sociais (ave VS Marques!), por aí , só algumas memórias instantâneas de um ex- FLUL. Ia dizendo, é fundamentalmente estranho estar aqui sentado numa mesa redonda de faculdade, com tantos ilustres da palavra e da performance a partir da mesma, para justificar, debater, ou, constatar uma evidência que por muito repetida ao longo destes anos todos de poética Rock ainda encontra dificuldades de absorção académica e mediática e, por vezes, massiva e também diferenciada, por razões que me escapam tão evidentemente como o facto de isto ser assim e não de outra maneira.

As letras das músicas, das boas, são poesia pura. Ou porque não, na era dos compartimentos, um segmento novo da poesia com vida e luz e público próprio. Esta premissa é o mais fácil. Todos aqui o sabemos e nisso acreditamos. Difícil é ir a algum lado e fazer com que tal seja encarado com a normalidade que lhe conferiria a dignidade e o respeito devidos.

Cheguem ao pé de alguém, qualquer alguém, até um amante de música e digam-lhe: olha aqui esta poesia do Adolfo. Cheguem ao pé de alguém e digam também: olha aqui este poema do Herberto Helder. Até aqui nesta sala a reacção é imediata sobre quem é o poeta, não digam que não. É o peso da tradição, da comunicação, dos livros, da escolha de vida, dos palcos, da agitação, dos sítios que a alma frequenta, do recato até por vezes snob dos poetas só poetas.
É por isso que de alguma forma luto. Não que nos vejam como um fenómeno estranho confinado a colóquios mas que nos vejam como poetas normais como os outros que trazem as palavras para os palcos e as consagram à musicalidade não imaginada, porque real nos instrumentos e na voz, e, muitas vezes, até mais completa.


As letras são ainda o referencial da linguagem, do código/alfabeto que identificamos e perante a música apresentam no leitor/ouvinte uma sensação diferente, menos abstracta, mais de mensagem (desenvolver)

Posto isto o meu estilo:

Autores fetiche do Metal: Tolkien, Poe, Baudelaire, Lovecraft, Aleister Crowley, Pessoa, La Vey, a esquadra cientifica Matheson, K Dick, Bradbury, outros Robert E.Howard; Blake, Wilde. A lista é inesgotável e com as suas glórias ou abusos faz do Metal um dos géneros mais literários que conheço.

Onde encontrá-los: lovecraft- metallica, the thing that should not be; poe, annihilator-ligeia, maiden-murders in the rue morgue; bradbury- iced earth, something wicked this way comes; blake: Ulver, the marriage of heaven and hell; pessoa/campos: moonspell opium; crowley- fields of the nephilim; tolkien em todas as ingenuidades; baudelaire, celtic frost superior, tristesses de la lune. Superior 2 ryhme of the ancient mariner- coldridge.

Problemas: alguns decalques menos felizes, algum arranhar de superfície mas residual perante as obras primas da fusão rock, metal, gótico, com as letras. A tal inexistência de normalidade. Então o Fernando escreve poesia? Para os fãs de moonspell n é? Bem também… ou então logo doutor nas apresentações nas bibliotecas do país. Algum relacionamento do rock com o entretainment e não com a cultura.

Conclusão:

- jim morrison o melhor escritor de poemas de rock de sempre dizia certeiramente “quero que as minhas letras sejam poesia, que sejam vistas para além da música, que tenham vida própria”
Quem as ler sem ouvir doors que diga o contrário. Agora é fazer com que isto não seja de todo especial, mas simples e adequadamente vulgar.


Nick cave the secret of a love song (explorar)

Vou ler o Oficio Cantante, ainda confio nas palavras.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Billy Collins

Nem sempre e se calhar quase nunca as novas tecnologias e as palavras se cruzam tão bem como nos videos da poesia do poeta Billy Collins, disponíveis no youtube.

É curioso ver o crescendo em paralelo de algo que forma muito mais que um todo por intermédio de ser as suas peças, ou partes. Isto é, algo que junto, unido, se eleva para al´me do que é per se, e que coloca o objecto artistico num nivel óptimo de suavidade e beleza e aqui e ali alguma melancolia, daquela boa, que provoca os sorrisos de verdade.

É com um sorriso desses que vos desejo um bom fim-de-semana e uma melhor semana. Vejam na luz dos vossos ecrãs, esta voz, estas palavras,estas imagens que me foram passadas pelo meu bom amigo JL Peixoto e que aqui continuam como círculo virtuoso:

http://www.youtube.com/watch?v=iuTNdHadwbk&feature=related

PS: Obrigado a todos pelas mensagens e presenças na apresentação de Amália Hoje. O disco estará disponível em finais de Abril.

PS1: As Poéticas do rock já arrancaram. Estarei lá na próxima Terça, pelas 18.00 na Faculdade de Letras. Mais info em:
http://www.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/centro-estudos-teatro.htm http://www.poeticasdorock.blogspot.com/
poeticasdorock@gmail.com

quarta-feira, 25 de março de 2009

Amália Hoje

Quis o destino que fosse escolhido para dar voz a canções da Amália juntamente com amigos. Tudo isto é fado e fado é uma espécie de amizade, que relaxa a rigidez e o caractér sacrossanto do tema e ajuda a vencer dificuldades e a exaltar as poucas certezas que comem o medo e lhe deitam a língua de fora. Os meus amigos nesta aventura são o Nuno Gonçalves que tudo fez desde dirigir orquestras a seleccionar os temas que lhe pareceram mais consentâneos ao espírito e letra da 3 época da artista; a Sónia Tavares, que emprestou uma alma profunda aos seus lábios que proferiram os sentimentos das canções; e o talentaço Paulo Praça, o nosso ponta de lança e organizador, uma espécie de Wolf do Pulp Fiction que esteve sempre lá quando era preciso música e que nos faz sentir grandes porque está do nosso lado e pequenos quando ao lado de talento destes. O Nuno e a Sónia são dos The Gift e o Paulo está agora a solo mas tem os Plaza e em tempos idos os Turbojunkie.

Se tudo correr bem vão ouvir falar muito deste projecto de amigos e amantes de música verdadeira e de agitar as àguas paradas em prol da qualidade e da modernidade. Se estão curiosos visitem este link: http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1175736&seccao=M%FAsica, já levanta o véu um bocadinho.

A mim, que sofro de melancolia, calhou-me interpretar um fado cujo poema foi feito pelo punho e dor da própria Amália e que me colheu de surpresa tal a sua força, intensidade e cofre aberto. Pelo que para aqui o transplanto:

Grito

Silêncio
Do silêncio faço um grito
E o corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco
De sombra a sombra
Há um céu tão recolhido
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido
Ó céu
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás d'ela
E eu
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora

Solidão
Que nem mesmo essa é inteira
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura
Ai solidão
Quem fora escorpião
Ai solidão
E se mordera a cabeça
Adeus
Já fui p'ra além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede
Adeus
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai como dói
A solidão quase loucura


Este é o poema do fado interpretado no funeral da Amália. Os seus versos estão compilados num livro Versos pela Cotovia. O disco sai dia 27 de Abril.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Algumas viagens sem ti

Outro da gaveta com a tua permissão :

Dortmund

Regresso.
O hálito de schnaaps corre na rua da estação, um rio arrastando as réstias das tribos em súplica de ar, com as cabeças levantadas ao céu.

O fumo de um cigarro de um total de quarenta, cordilheira de nuvens de um negro mais profundo que o dos céus, gravada como carvões por usar, tinta negra sobre papel negro.
Nós, entre todos sozinhos na desilusão de voltarmos e encontrarmos tudo na mesma apesar de todos se terem dado bem.

O mesmo sucesso de cabelos de meses no chão, a mesma roupa da cama, as nódoas nos mesmos sítios, as cidadelas de bichos no lavatório da cozinha, por dentro das paredes, correndo rente às portas, no branco falso do tecto. Sucesso que não me deixa em paz, de pessoas a utilizar, o cheiro de café pegado aos dentes, o trilho sem parar do comboio cortando a neve, indo a parte alguma, as casinhas amontoadas com pessoas lá dentro agachadas perante quem chega no sopro do Verão Alemão.

A chuva dá-nos nas costas dizendo-nos adeus, até à próxima maré que traga os nossos despejos até à cidade que vive no nosso nunca mais.

Vingança.

Sugestão para dia 19, próxima Sexta:

Debate e semana temática de celebração do bicentenário de Edgar Allan Poe. http://www.fl.ul.pt/poe_gothic_creativity/ Dia 19 de Março: 18h15-20h00: Arte Fantástica em Portugal (com António de Macedo, Fernando Ribeiro, Filipe Abranches, Filipe Melo, Maria Antónia Lima, Paula Ribeiro) I Fantastic Art in Portugal (with António de Macedo, Fernando Ribeiro, Filipe Abranches, Filipe Melo, Maria Antónia Lima, Paula Ribeiro) – Casa Fernando Pessoa apareçam, divulguem.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Parque Central

Eu também já me tinha esquecido e por isso vocês não podiam,por isso saber. Uma vez, de regresso de uma tour com a banda pelos EUA, fui acometido de um jet-lag intenso que durou quase duas semanas e me fazia acordar pelas 6.30, 7.00 da manhã. Tu ias trabalhar e eu ia escrever para o parque. Nesse parque a essa hora pouco mais havia que os velhotes a passearem lentos e as pessoas velozes a ignorarem-nos na marcha impediosa da vida. Observei mais do que escrevi mas tenho uma nostalgia hoje dessas alturas mas não desse tempo. E não era por ter de acordar cedo. Não conseguia dormir. Passados anos e dores, ganhei esse direito. O meu pudor era diferente na altura. Ainda sinto alguma vergonha de ir para um parque, com um bloco e apontar escritas. É entrar sem respirar naquela poesia que me arrepia: a do estar sempre a escrever mesmo sem saber porquê. Esse pudor esmagava-o aos poucos num blog que tive mas que não mostrei a ninguém. Sobra dele um print screen guardado algures numa memória mais ou menos portátil e alguns textos que evoco agora na abertura deste cofre:

Park views ( a observação dos cisnes)

1-
Quem o vir tão sossegado, a ler e a escrever, tomando a sua cerveja fria, enojado do fumo desde que deixou de engolir ele próprio e das nódoas da mesa que são as mesmas de há anos, não imagina que ele é um demónio malvado, conspirando para derrubar a ordem do mundo e terminar de forma rápida e violenta com a vida de todos que o observam.
As cadeiras arrastam um pouco no chão quando os corpos tombam licenciosamente fulminados pelo seu olhar levantado.
O empregado tardio aparece com um grande balde e com uma esfregona para limpar o sangue empapado no chão e seco nas paredes.
Ele levanta-se, paga sorrindo ao empregado, deixa uma enorme gorjeta e sai não se esquecendo de pedir licença a cada corpo morto que se atravessa no seu caminho.

2-
O cabelo é vermelho e fala ao telemóvel com o rasgado sorriso do poder sexual. Passa por mim e assusta-me. Uma criança atrás agarra-lhe a mão livre. Ouço-a a combinar o holocausto para mais logo, depois da noite da barriga cheia, num quarto qualquer dos subúrbios a explodir do calor da maldade.

3-
(gazela)
Tem um risco enigmático à maneira egípcia em cada olho e não repara em mim pela segunda vez hoje. Não sei o que a faz fugir para tão longe e tão velozmente. Talvez seja o medo que trago aguado nos meus olhos pesados.

4-
"Aí não!"- "Vamos um pouco mais aqui para o lado, para a sombra da carne que nos resguardará dos olhares envelhecidos do passado."
"Deixa caírem as tuas pernas sobre as minhas e deixa os nossos calores tocarem-se."
"Seremos memórias manchadas quando a noite cair. Eu nas tuas mãos. Tu nos meus lençóis. Nós no último suspiro do velhote que nos observava oculto no trono do seu jardim."

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Preâmbulo roubado de lanças

Há sempre poemas que ficam de fora, sabe-se porquê e sabe-se lá porquê, dos livros. A economia, a edição, a força do livro, tudo aquilo que nos ultrapassa pela direita e nos faz esquecer a arte na obra e pensar mais na sua equilibrada comunicação.

Esse foi o caso deste poema que poderia ser mais um vulto nos Diálogos. Bem haja o arrependimento :) Bom fim de semana!

Preâmbulo roubado de lanças


Preâmbulo roubado de lanças
Que furam as pálpebras impondo
A primeira luz


O dia entra na cidade pelo lado do rio
Estilhaçando as vidraças que nos protegiam
no escuro
Reviram-se as torres de carne

à procura de quem ficou na noite
Queimam no chão os restos frios
de quem amou, de quem acabou de acabar


Logo pela manhã enquanto as pessoas sobem e descem
a rua roubada

teimo contigo de que te amo mais

do que aquilo que possas compreender.



Photobucket

post scriptum/curiosidade:

PRÉMIO DA CRÍTICA 2008
A Associação Portuguesa de Críticos de Teatro atribuiu o Prémio da Crítica, relativo ao ano de 2008, a João Brites pela criação de Saga - Ópera extravagante.O júri foi constituído por Ana Pais, Constança Carvalho Homem, João Carneiro, Maria Helena Serôdio e Rui Pina Coelho.O mesmo júri decidiu ainda atribuir três Menções Especiais, respectivamente, à actriz Carla Galvão, ao encenador Miguel Loureiro, e ao encenador Nuno Cardoso.A cerimónia da entrega destes prémios realiza-se no próximo dia 23 de Março (segunda-feira), no Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz (Lisboa), às 19h, sendo livre a entrada. Para quem não sabe participei neste espectáculo na personagem Deus Pirata. Fico feliz por todos os que deram tudo neste espetáculo, elenco, o Bando, Banda da Armada, Jorge Salgueiro, a equipa técnica e todos quanto foram ver!!!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Primeiras impressões


A primeira vez que apresentei um livro, em 2001, não sabia o que me esperava. Foi na Fnac do Chiado em 2001, estava lá, para meu feliz terror, muita, muita gente, cheguei atrasado, não conseguia estacionar o carro e passei por todas as peripécias possíveis. Em todo o caso não posso dizer que estava totalmente às escuras: se houve algo que intui nessa altura é que tal como quando se conhece uma pessoa, a primeira impressão é muito importante e há que saber rentabilizá-la com graça e espírito.


Na minha primeira apresentação usei, se a memória não me atraiçoa em demasia, usei Eugénio de Andrade para dizer que "toda a poesia é luminosa mesmo a mais obscura" e Eça, para justificar o meu livro e a sua partilha/publicação, com aquele ditame "galego" do homem que partilha o quarto e a sua história pessoal em Singularidades de uma rapariga loura (o novo filme de Manoel de Oliveira que me terá como ávido e curioso espectador".


Na apresentação das Feridas já tive ao meu lado o meu amigo José Luis Peixoto e, por vezes, o Jorge Reis-Sá e o Valter Hugo Mãe. Costinhas quentes protegidas pelo poema de Padrón e a perda da timidez.


A apresentação do Diálogo de Vultos, a primeira, na Fnac do Chiado foi bem mais atribulada emocionalmente e nem todas as tentativas para segurar dentro de mim a força deste livro perante uma audiência foram bem sucedidas. Livraram-me de males piores a minha amiga Bárbara (Guimarães), um público surpreendido pela minha humanidade, talvez,mas muito caloroso e o filme intenso da minha amiga Dora Carvalhas pontuado pela música adequada e profunda do meu amigo de longa data Luís Lamelas/Euthymia e a minha voz lendo dos Diálogos. (ver video em blog)


Seguiram-se apresentações várias sempre com a generosidade de pessoas como a minha prima Rita Baleiro, da Universidade do Algarve, ou a única e inimitável professora de Barcelos, a minha querida Fátima Aetheria, em Braga e em Barcelos, forças a adicionar aos vultos apresentados.


Na contabilidade das impressões, foram muitos os locais, as ocasiões, os sentimentos. Houve espaço ao humor e ao amor e à dor em ambos. Numa apresentação num festival de cinema deu para brilhar com uma anedota (Duas cabras estão a comer a pélícula de um filme. Pergunta uma à outra: "E que tal?". Resposta: "Bah! Gostei mais do livro."); noutra do Antídoto (livro disco dos Moonspell e José Luís Peixoto) convites para ir a Cabo Verde (nunca fomos) e epítetos de "bébes de Abril"; ressacas na Madeira, enfim tudo um mundo de impressões.


Não sei se para aligeirar o peso dos vultos comecei a ler/enquadrar as apresentações com a divulgação do meu primeiro poema que escrevi em 1991-1992 (11ºano) quase como numa aposta com uma Professora de Psicologia, para ter uma nota melhor (resultou!) e constituia o grand finale de uma aula/trabalho de grupo sobre o suicidio. Este era lido ao som do Adágio para cordas de Samuel Barber (uma das minhas peças musicais) e toda a aula era diferente e down, com excertos de filmes como o Clube dos poetas mortos (Peter Weir) ou Videodrome (Cronenberg), um momento estranho até mas que deu não só para subir a nota como para causar uma impressão em quem lá esteve.


Rezava assim o poema: (texto non varieteur :) - com as rimas próprias dos sweet seventeen)


Não encontrei a beleza

na morte da natureza

na humana omissão

na derradeira confissão

no eterno recalcamento

no asifixiar do sentimento


A espiral humana da cobardia

que venera a hipocrisia

encontram em nós- descrentes-que pomos fim à vida

escape para as torrentes - um escape suicida.


O esforço inglório da vida

nas mãos do herói do século XX termina

o esforço inglório da vida

termina às mãos do suicida

que tremem diante do mistério

que enchem sem cessar o necrotério (!)


Para onde irei? - o dilema eterno

só sei que abandonarei o real inferno

o paraíso perdido é já uma certeza

eu só quero encontrar a beleza


E tinha este aspecto que vem no canto superior esquerdo do post. É um manuscrito original. Durou até hoje :)
Obrigado a todos quanto comentaram, continuem a abrir o cofre, até para a semana, bom fim de semana!






sábado, 14 de fevereiro de 2009

Abandonado jardim

Criei este blog em 2007 mas, por razões diversas - raiando desde a falta de tempo e organzização até ao excesso ou absoluto defeito de assunto/poema, depressa o abandonei. Continuei, no entanto, a nutrir por ele aquela espécie de carinho que se tem pelos jardins meio perdidos ou também eles abandonados, que são tristes mas tão bonitos que doem e que apetece visitar para nos perdermos na saudável melancolia que cresce nas ervas desalinhadas. Estive a semana passada no Jardim Botânico de Lisboa e por lá pensei nisto.

Chegado a casa, pausa forçada para recuperar da excisão de um lipoma, apeteceu-me repovoar este jardim com palavras e o tornar um pouco mais vivo, no sentido de activo, mas sem perder o tino melancólico que é a essência e a chave do cofre.

Quero pedir desculpas a todos que aqui em vão vieram e em vão seguiram, prometendo, para já, contactar quem comentou neste blog e fazer um bocadinho de divulgação, de modo a trocarmos palavras e sentimentos perante as mesmas.

Sendo quase impossível escolher um disco ou livro preferido, tenho a sorte de saber apontar com exactidão quem é o meu poeta preferido e maior influência quando me sento a escrever poemas meus: o seu nome é Justo Jorge Padrón, nasceu nas Canárias em 1943 e publicou pela primeira vez em 1969. A sua poesia é, para mim, perfeita no timbre, na cor, no tema, na alma e no corpo. Não tem um site oficial mas este http://amediavoz.com/padron.htm faz-lhe as honras possíveis. Inspiro-me muito nas suas palavras e nos caminhos que estas tomam e aquando da apresentação do meu segundo livro As Feridas Essenciais utilizava ( e não era um recurso de à falta de melhor) o seguinte excerto de um poema seu sobre o poema/acto:

Mais que um filho

Mais que um filho, é um escravo, o poema.
É parte dos teus sonhos indomáveis,
Um farrapo da tua alma sucessiva,
Um monte de palavras que salva a tua memória
Dos momentos plenos do deserto.

Por vezes é o eco incompreendido
Da tua própria consciência ou de outro sangue
Que em ti palpita sem que tu o saibas.

(…)

O poema é um corpo abstracto, talvez um ser
Misterioso de que és o seu deus único.
Podes embelezá-lo ou deformá-lo
Com a perversidade de um tortuoso castigo
Até torná-lo céptico, canalha ou taciturno,
Perante a lucidez dura de teus olhos.

(…)

há poemas obscuros e assassinos
que nos espiam com a sua adaga levantada
há outros juvenis, tersos, apaixonados,
cuja directa luz desnuda o fogo.
Também os há ociosos, brigões, lascivos,
Curiosos ou ignorantes que perguntam
Sem que jamais possamos responder-lhes.

Um poema é, enfim, um látego desditoso
Uma alma solitária trespassada de repente
Pela densa dor que o convoca

JJ Padrón

A Teorema publica Padrón em Portugal, a tradução é superior, se bem que o original castelhano seja límpido como poucos e também as traduções Inglesas são de primeira àgua. Leiam Padrón e mudem a vossa vida.

Num registo mais mundano espero que este blog ganhe as asas de uma audiência e que se legitime, em beleza, a comunicação pretendida. Todos os meus livros, inclusive o último Diálogo de Vultos foram reeditados pelas Quasi e podem encontrá-los (andaram desparecidos das lojas, bem sei...) em http://www.quasi.com.pt/ Também lhes podem escrever e indagar da livraria mais próxima que os tenha para venda.

Até breve para mais "dor convocada."

sábado, 17 de novembro de 2007

Vultos apresentados

Regressado de uma noite fria mas pleno da oferta de genuíno calor humano de quem compareceu ontem na Biblioteca Bento Jesus Caraça, à Moita, Sul do Tejo, sinto que é hora de este blogue voltar à vida.

O Diálogo de Vultos conta agora com cinco apresentações: primeiro visitei as Fnacs, respectivamente Chiado/Lisboa, Guia/Algarve, Sta.Catarina/Porto e Coimbra. Depois foi a vez de Aveiro, juntamente com o José Luis (Peixoto) no Mercado Negro/festa da Elegy. Ontem, a Moita.

Todas as apresentações foram diferentes. No entanto, todas foram tocadas pela emoção, via única que se tomou para falar deste livro com a dignidade de sentimento que ele exige e merece. Para quem não esteve, documento aqui as emoções passíveis dessa cristalização. As outras ainda flutuam por aí, no ar espesso à minha volta, na subida e descida interior do meu sangue e de tudo quanto ele carrega para a alma.

No Chiado, tive o privilégio de poder contar com a presença preciosa da minha amiga Bárbara (Guimarães) e do meu editor Jorge Reis-Sá. Foi uma apresentação arrancada ao meu fundo, com muito nervosismo à mistura e alguma emoção evadida das carapaças que lhe tentei impôr, por protecção, por vontade em me fazer entender, por pura comoção. Também foi a apresentação da verdade nua e crua de como este livro mexe comigo e dos resultados dessa inevitável poeira caindo na pele do interior e cobrindo-a por completo. Foi a primeira! Agradeço à Barbara, que convidei pelo respeito e amizade que lhe tenho, por ela gostar genuinamente daquilo que escrevo, pela admiração da sua capacidade de estar com verdade nos registos que adopta como seus e por trazer a sua experiência dos meus poemas que pesam e partilhá-la comigo e com os presentes de uma forma tão natural e descomprometida como a dor que habita os diálogos.

No Algarve a Rita (Baleiro), professora na Universidade do Algarve e familiar querida, deu-me a honra de se colocar na minha pele com um texto lindissimo, frágil e cheio de força a uma voz. Este livro é um livro que se vive, viveu ou irá viver-se. É imorredoura a sensação da dor e da luz que é amar de verdade, sanguineamente e sanguinariamente. As palavras escritas e ditas da Rita (que aqui conto apresentar em breve) souberam, como poucas, dizê-lo e saber que um livro pode originar tais sequências, deixou-me, mais uma vez, realizado. Um agradecimento à Rita por me guiar nesse reconhecimento.

No Porto, e com o multiplicar das apresentações, as emoções surgiram mais controladas mas nem por isso menos selvagens. Quanto muito mais passíveis de transmissão, dando assim ainda mais significado a estes encontros. Convidei uma pessoa que conheci por ela gostar e Moonspell e por se saber destacar com elegância e força entre os muitos que também seguem e vivem o nosso trabalho. A Fátima Inácio Gomes, professora daquelas que deveriam ser confirmadas como moldes ideais da profissão pelos legisladores, aka Aetheria percorreu a história das minhas palavras e sensações poéticas, usando da sua experiência e sensibilidade para capturar a atenção mais reconhecida do auditório. E fê-lo de tal maneira que a mim me bastava carregar play no filme dos Vultos para encerrar a hora. Por esse protagonismo sincero e muito bem-vindo fica o meu sincero obrigado.

Em Coimbra, cidade que dorme cada vez mais perante o seu papel de líder da nossa salvação cultural e artística, coube-me a solidão da apresentação que fiz perante alguns amigos do coração, alguns seguidores atentos, poucos curiosos e pessoas de ocasiões outras. Mas mesmo assim a coisa foi, deu-me motivo de conversa e de satisfação e a noite de Coimbra, pelo menos essa, mesmo que curta nas pontas do meu tempo, ainda continua vibrante mesmo na mais franciscana das esplanadas.

Em Aveiro esperava-me a mim e ao meu aliado uma casa cheia de gente e de perguntas. Ainda bem. Foi das apresentações mais participadas, em que se via muita gente que tinha vindo para partilhar mais do que se sentar a olhar para quem os olha de volta muitas vezes sem os conseguir ver como eles merecem. Um agradecimento a quem fez parte dessa dinâmica e ao Pedro, ao Paulo, à cada vez mais importante Elegy Ibérica um abraço e um agradecimento pela oportunidade de levar as nossas emoções às dos outros.

Na Moita (sim pode dizer-se assim, confirmei!) fui recebido, como disse, com a simpatia do costume apesar do meu inevitável atraso provocado pelas outras criações. Foi talvez a apresentação mais sólida, o discurso esteve fluido, a atenção pura, e os momentos sucederam-se no tempo e no sentimento certo. Quem compareceu fez perguntas bem interessante e espero ter respondido com o valor que as questões definitivamente mereciam. Tinha saudade de visitar o ambiente de biblioteca (e esta biblioteca só tem um defeito, não ser à esquina da minha rua!) e agradeço à Rosa Lia, ao staff da Biblioteca, a Exma Vereadora Vivina e a todos quanto compuseram e bem o auditório, por me terem satisfeito o desejo de conversa como ela deve ser: equalitária, solta e emotiva.

Tem sido para mim simplesmente magnifico ter tido todas estas oportunidades de apresentar o meu livro. Não temo falar sobre ele. Se assim fosse não o teria comunicado pela publicação. Tenho encontrado um grande respeito e gosto por estes diálogos em toda a parte e pretendo apresentá-lo mais vezes assim o tempo mo permita e utilizarei este blogue para vos dar conta desses eventos.

Tenho lido sempre o primeiro poema que escrevi e contado a história do mesmo (que envolve uma professora de Psicologia do 11º ano e a batalha pelas médias). Num dos próximos posts irei publicá-lo aqui para vossa consulta, pedindo-vos que se relembrem da idade da peça (17 anos).

Tem sido passado um filme criado pela Dora Carvalhas com leituras minhas, banda sonora de Euthymia sobre fotos de Ricardo Bernardo e Patrícia A. Também conto em breve colocar aqui um link para seu visionamento.

Finalizando agradecendo à Patrícia A., à Bárbara, à Rita, à Fátima, à Dora, ao Luis L., ao Ricardo Bernardo, às Quasi nas pessoas da Ângela e do Jorge, e a todos os locais e promotores acima citados bem como a toda a gente que apareceu nas apresentações, por tudo o quanto trouxeram e acrescentaram a estes vultos que dialogam.

Até breve para mais documentos da sombra.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Apresentações e promoções

É já na Sexta 13 que começam as apresentações dos Diálogos. Conto com o vosso apoio para recortarmos as sombras juntos.

Também começou a promoção do livro e os mais atentos a estas coisas podem ler/consultar/ouvir/ver:

13/7 9.30 manhãs das 3 (com passatempo)
13/7 Destak jornal gratuito (entrevista)
13/7 Alta Tensão António Freitas antena3 1.00
14/7 jose luis peixoto entrevista fernando para o top + (possibilidade de ser só dia 22 também)
15/7 RNA programa escrita em dia 91.2 http://www.rna.pt/ a partir das 16.50
18/7 entrevista revista Focus
22/7 progama Santos da casa RUC 19.30 Coimbra http://www.ruc.pt/emissao.php

http://www.lusa.pt/

Entre outros que actualizarei aqui conforme souber/puder. Morfeus chama...

quinta-feira, 14 de junho de 2007

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Conto com a vossa presença e divulgação.

Obrigado,

JULHO

FNAC LISBOA ,SEXTA, 13, 19H, com apresentação de Bárbara Guimarães, apresentadora de Páginas Soltas (SICn).
FNAC ALGARVE, DOMINGO, 15, 17.30 com apresentação de Rita Baleiro, Profª da UALG.
FNAC STA CATARINA, PORTO, SEXTA, 20, 18.30.
FNAC COIMBRA, SÁBADO 21, 21.30.


Todas as apresentações contarão com a exibição de um curto video/animação alusivo ao livro bem como a leitura de alguns poemas e sessão de autógrafos.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Lisboa e Porto- impressões

As sessões de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa e Porto foram um sucesso! Obrigado a todos que tiveram a amabilidade de se deslocarem até estas. Conheci muitas pessoas interessantes e interessadas, revi outras, algumas que não via há muito, muito tempo, e fiquei muito honrado e sensibilizado por este contacto tão próximo e genuíno. Estarei talvez a ficar velho?

Em Lisboa a tarde estava óptima, cheguei mais cedo para passear com a família/amigos e me atrever a uma fartura (a terceira desta edição!) e espiolhar uns livros e autores. A Exma. Luísa Ducla Soares honrou o meu velho exemplar de Meu bichinho, meu amor com uma dedicatória assinada e por aí subi, vendo a longa fila do meu amigo JL Peixoto, o escritor mais charmoso da actualidade. Quando desci da minha própria sessão, ele ainda lá estava dando atenção a quem lhe dá vida como autor. Um exemplo pese embora o tivesse de o arrastar para o jantar!

Depois de idas e vindas, comecei a assinar e as primeiras pessoas com quem falei foram o Hélder Mestre (ex-atleta que sofreu um acidente que o deixou numa cadeira de rodas) e a Anabela, ambos ex-conterrâneos meus da Brandoa (o meu ex-bairro também...). Tive muito prazer em começar por eles, principalmente o Hélder passou-me valores de força e de respeito e tudo correu com muita naturalidade, como as boas coisas devem ser e parecer. Curioso este passado comum entre provas de atletismo e associativismo, algo que, de alguma maneira, me abriu e fechou, na altura, os horizontes de que precisava.

A sessão continuou entre fotos e dedicatórias, um reencontro com o João de Melo, abraços e beijos e terminou como convém a um dia bem passado, regado de boa bebida, sorrisos francos e vozes de amigos.

A viagem até ao Porto foi rápida e sem história. O Zé Luís rápido mas seguro ao volante, paragem única para café e despejo urinário (não existe uma maneira boa de o dizer, desculpem) e muita conversa posta em dia. Chegámos, separámo-nos e conquistámos, já que na vertigem das assinaturas, pouco tempo sobrava para grandes conversas, tendo eu preferido ter boas pequenas conversas. Muitos foram os fans e amigos também. Um deles (amigo e espécie de referência) foi o Adolfo que também assinou ao meu lado e posou comigo em meia dúzia de pedidos. Ficámos combinados para o Maldoror em Lisboa, um dos espetáculos que mais antecipo este ano. A Feira do Porto, muito partcipada, tem um quê de claustrofóbico por ser interior. Nesse aspecto a Feira de Lx é mais agradável, apesar de diminuir de ano para ano e de nos relembrar o esquecimento a que o Parque Eduardo VII está votado o resto do ano. Mas as pessoas compensam e como no Porto! Depois de mais fotos, dedicatórias, encontros, reencontros e até desencontros, uma entrevista sem rede à Elegy Ibérica (hold on brothers!) e ao programa Blindagem, mais uns pedidos de desculpas aos nossos amigos que estoicamente aguentaram o "autismo" das assinaturas e rumo a Lisboa, com paragem para a única refeição do dia, contornada às excursões de invasores, ao som de Apse, CD que de fundo às nossas conversas, rolou pelo menos cinco vezes!

Em ambas as feiras, não esquecendo a apresentação do segundo volume de contos de H.P.Lovecraft, há uma exacta semana, fui presenteado também com livros, em que participei quer como leitor, autor ou ajudante. Comprei para mim as Memórias do Voltaire, o segundo volume do MAUS de Art Spiegelmann (que adoro!) e as Cidades Ínvisiveis do Calvino, sugestão da Aetheria (tudo promoções). Deixei a meio a Odisseia e com tanta prenda já me deletei com um livro fantástico de poemas da Catarina Nunes de Almeida (Préfloração) editado pela Quasi, devorei, com finalidade, os Estilhaços do Adolfo que escreve canibalmente bem, e revela uma lucidez que invejo (adorei os seus relatos dos passeios com o seu filho Mateus, em Paris) e a cabecear de sono ainda sinto espalhados pelo chão e pelas estantes os outros presentes (A cura de Schopenhauer; a biografia dos Mão Morta; Eis o Homem) que, como um puto, gostaria de brincar com todos ao mesmo tempo. Não dá. Amanhã tenho de ir tirar uns moldes aos meus tímpanos.

Antes de me ir...um agradecimento particular à Dora Carvalhas, a minha guru dos blogs, que também assina a foto do blog e ao Ricardo Bernardo pela grande capa dos Vultos e fotografia do autor/perfil. Esta semana conto confirmar as sessões de apresentação nas FNAC dos Vultos, para a qual se preparam coisas especiais. Vou também fazer pins do livro tal como para as Feridas. Depois coloco aqui a sua aparência.

Thanks for listening!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Capa livro

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Sessões de autógrafos

Caros amigos/as:

Tenho o prazer de vos convidar para as sessões de autógrafos do meu novolivro de poemas Diálogo de Vultos:

2 Junho(SAB)- Feira do Livro de Lisboa, ao Parque Eduardo VII, pelas 18.30, pavilhão Edições Quasi (143)

3 Junho(DOM)- Feira do Livro do Porto, Palácio de Cristal, pelas 17.00, na tenda exterior (sessão conjunta com Adolfo Luxúria Canibal)

As apresentações oficias do livro serão marcadas em breve para as lojas FNAC.

Obrigado, divulguem e apareçam!

Fernando

Diálogo de vultos

Deita-te nua de ti
No mármore frio do meu corpo.
Teus olhos fechados sobre o eclipse dos meus.

Seca os teus lábios
Na feridas dos meus
E deixa-te estar quieta:
Até estas palavras passarem,
Até às sombras se calarem
E o nosso amor silenciar de vez
Este diálogo de vultos.